#MARTHA COM "H"




Meu nome é Martha. Martha com “h”. Sinto um ódio quando, em qualquer balcão de cadastro, perguntam meu nome e escrevem sem o “h”. Menos pior é quando perguntam se “é com th?”, mas é claro que sim. As verdadeiras “Marthas” são com “h”, as Marthas sem “h” não são Marthas, são um erro de um cara que escreveu na hora em que a infeliz nasceu. Azar o delas, bem feito!

A maioria das pessoas dizem que eu sou muito geniosa. Não me acho. Se fosse geniosa seria mais inteligente e consequentemente mais estudada, teria uma faculdade e não trabalharia como garçonete. Mas tá bom assim, ganho meu troquinho que dá pra ir ao pagode, tomar uma cervejinha, comer um churrasquinho, ir ao salão de vez em quando, comprar uma blusinha, além é claro de pagar minhas despesas: comida e comida. É claro também que eu não pago luz, fiz um “miau” na luz e também na água. Agora me diz se eu sou besta de pagar caríssimo por coisas que eu não uso, lembro da primeira e única vez em que eu paguei esse pessoal da companhia de energia me roubou. O consumo veio pouco, até porque eu não tenho muita coisa em casa, mas as taxas foram absurdas. Esse negócio de imposto é só enganação pra gente que não entende pagar as festanças que esses políticos fazem. Mas, sim. Voltando. Então, eu não reclamo da minha vida não, tenho uma ótima patroa e se der, ela me disse outro dia, ainda me promove para o caixa do restaurante, porém ela disse que eu tenho que melhorar esse meu jeito falastrão e raivoso. Eu não acredito que eu sou assim não. Eu só não gosto que pisem no meu calo, ué.

Veja que outro dia quando eu ainda tinha um paquera... paquera não, era um namorado mesmo, daqueles que leva a gente pra sair, dançar, se divertir e ainda era bom de cama... Pois sim, eu tinha um namorado que era dos bons e o problema é que os bons são sempre galinhas, disso eu sabia, só não sabia que na minha frente também era. Estávamos nós dois no pagode e havia uma morena daquelas, sabe aquelas estilo as globelezas da vida, aquelas morenas que é de dar tesão até em viado. Pois bem, a vadia começou a sambar na frente do meu homem com o maior despeito, a bunda dela era tão grande que batia palma. E como era de se esperar o safado só faltou comer ela com os olhos, aí eu me mordi. Taquei o churrasquinho na cara dele, com farofa e tudo, dei uma tapa na cara dele e saí correndo. Ele correu atrás de mim, eu não queria papo e a gente terminou. Foram três meses sofridos, oito quilos perdidos e o emprego por um fio. Botei as tralhas dele pra fora de casa e o pilantra ainda me veio com chorinho. Aquilo pra mim foi o suficiente ou pensei que fosse. Duas semanas depois ele voltou a dormir em casa. Até então tudo tranqüilo, mas começou a aparecer um tal de um futebol nas quintas, depois nas sextas, quando chegou aos domingos eu não agüentei mais. Explodi e perguntei pra ele que futebol era esse que só acabava de madrugada e que em vez de suar suor ele suava cachaça. O desgraçado ainda teve a coragem de me dizer que era só uma cervejinha. Cervejinha é o cacete! Porque senão depois da “cervejinha” vai ser só “uma mulherzinha”. Eu conheço. O problema é que eu ficava com pena e ainda ía esquentar a sopa pra ele. Um dia ainda boto veneno na tua sopa, dizia pra ele. Mas como tudo tem um limite e ele não quis mudar eu terminei. Botei as tralhas dele pra fora enquanto ele trabalhava, quando voltou tava tudo lá na frente. Dessa vez ele não disse nada e eu até estranhei. Um mês e meio depois eu tô no mercado e de longe avisto ele com uma loira pirenta. Não contei conversa, corri pra cima dela e enchi a cara dela de porrada, puxei cabelo e arranhei. Bati tanto na cara daquela branquela. E ele só olhando, gostava. Eu sabia que ele tava gostando. Mas aí ele percebeu que a coisa tava séria, parou de rir e foi salvar a loira, aí sim fiquei com mais raiva e comecei a bater nele também, dava bolsadas e tapas nas costas dele. Foi então que ele começou a gritar pra eu parar, eu fiquei com medo e parei, aí ele me olhou muito puto e disse que aquela era a prima dele da qual tinha até me falado uma vez que gostava dela como um pai gosta de uma filha. No dia seguinte ele voltou novamente pra casa... Até que um belo dia ele fez as malas e foi embora, dessa vez eu não fiz nada. Deve ter sido pelo fato de eu falar demais também. Deve ser por isso, também, que eu ainda não fui promovida pro caixa. Mas eu, ao menos, será que sou falastrona e raivosa? Quer saber, eu não ligo pro que os outros pensam ou falam! Eu sou normal e feliz...

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"Essas palavras que escrevo me protegem da completa loucura." (Charles Bukowski)