MUDANÇA - Parte I



Há dois meses eu mudei de lar e no meio dos entulhos mesmo, eu me dispus a escrever. É como eu sempre digo: Escrever é preciso, viver não é preciso.
Então, como é um pouco longa essa história eu resolvi dividir em partes. Eu só não sei quando postarei a segunda, portanto se esperas logo... pare de ler aqui mesmo.
Vamos lá.


Quarta-feira, 14, 10:30 da manhã: “Tá certo, seu Paulo, então to passando aí amanhã no final da tarde e já to lhe levando o caução... Sim, sim, to sabendo, mas eu quero me mudar o mais rápido possível. O sr. me entende?”. Foi muito rápido que a minha mãe fechou o negócio, ela me disse que estava com medo de perder a oportunidade, afinal já estávamos procurando um imóvel pra morar havia duas semanas.

As casas que visitamos antes eram todas feias, quando não eram feias eram mal localizadas ou mal divididas. Uma, inclusive, era até bonitinha por fora e bem localizada só que ao adentrar a casa se transformava em pesadelo, começava pela cozinha conjugada com a sala, em seguida um corredor, um quarto sem banheiro, outro quarto com banheiro, seguindo um pouco mais havia uma área que só servia pra tomar espaço e algo que era muito estranho: um box inutilizado e quebrado com uma portinha minúscula no qual fomos saber depois que o corretor nos disse que era uma sauna. UMA SAUNA!!! Em plena cidade de Belém, que é cortada pelo trópico de equador, uma SAUNA! E que só caberia uma pessoa de cócoras. Eu gostaria muito de saber quem foi o asno que teve a “brilhante” idéia de construir uma sauna na casa dele e com o detalhe de caber apenas uma pessoa de cócoras, o cara deveria ser um pouco solitário, sei lá. Enfim, merecia um Nobel pela invenção... ou pela presepada, sei lá.

Somente na manhã da quinta-feira seguinte é que viemos (eu e minha irmã) visitar a casa. Estava fechada e não havia sequer um pedreiro trabalhando como tinham me dito. Voltei de tarde e novamente não tinha ninguém, acho que os pedreiros se deram folga. Enquanto isso a minha expectativa só aumentava. Eu queria saber onde iria morar e já tava com saudades do meu antigo apê.Quero dizer, comecei a sentir saudades do apê faz uns dois meses quando cheguei da aula estourado e o baixinho – porteiro que ainda terá um texto dedicado a ele e suas peripécias – me entregou a correspondência e disse que era pra eu assinar, eu disse que não, ele disse que sim, eu disse que não era eu quem pagava o aluguel, mas ele disse que  eu era o filho dela, e eu disse que não assinaria mas abriria a correspondência. Assim que terminei de ler a carta, em que o Salomão (dono do prédio) nos deu o prazo de 90 dias para que saíssemos do apartamento, pois a sua irmã, que se divorciou do marido, queria morar no prédio e nós fomos os escolhidos a sair, o baixinho me perguntou se nós íamos ter que nos mudar... eu disse que sim, mas era claro que ele já sabia, pois tinha lido a carta. Então subi o elevador velho (saudades daquele barulho estrondoso), e ainda pasmado comecei a observar os detalhes com outros olhos, olhares saudosistas, afinal foram muitos momentos bons vividos lá.

À noite, quando a mamãe foi assinar a papelada e levar o caução para o aluguel eu fui com ela e conheci a casa. É realmente bonita. A frente é moderninha e o alaranjado meio abóbora lhe caiu bem. O espaço também é amplo, não tão quanto o do apê, mas não deixa de ser amplo e o melhor é que não precisaríamos nos desfazer de nenhum móvel. Os quartos são bem menores, mas cabem todas as nossas coisas, salvo o quarto da minha irmã que não coube o guarda-roupa “transilvânico” dela que por sinal está no meu quarto. A cozinha, uma outra sala e o quintal estão também em ótimos estados, tudo muito bem pintado. Assim que voltamos para casa, mamãe me deu a notícia de que já nos mudaríamos na sexta-feira e eu ainda descrente da idéia não consegui assimilar. O dia amanheceu tranqüilo e já tive que fazer minhas trouxas, encaixar e ensacolar todas as minhas coisas, e é aí que mora o perigo, ou melhor, o estresse da mudança. Poeira, rinite alérgica e coriza. Poeira, rinite alérgica e coriza. Poeira, rinite alérgica e coriza. Nariz escorrendo, corpo suado e calor. Nariz escorrendo, corpo suado e calor. Carrega daqui, ensacola de lá. E a minha irmã gritando: “Vai levar isso aqui ou vai jogar fora?”. “Olha, essa é a hora de se desfazer de tudo que não queremos!!”. Eu sabia, mas não queria e como bom preguiçoso que sou queria abrir os olhos e estar tudo arrumado.Mas o pesadelo apenas começava e eu não tinha noção, a única coisa que eu sabia era que eu odiava mudar de casa. Arrumei minhas roupas, separei uns dois pares de peças de roupas para vestir durante esses dois dias. Arrumei os livros nos sacos e nas caixas posteriormente. Confesso que tive mais cuidado ao arrumá-los do que as minhas roupas.

Os guarda-roupas já estavam desmontados e de tarde o caminhão baú chegou... Fiquei sabendo depois que esse caminhão só levaria os guarda-roupas, o outro caminhão faria a mudança toda no sábado. Fiquei mais tranqüilo. A sexta foi tranqüila.

Sábado, 08:15 da manhã. “Acordem crianças, acordem! Vamos trabalhar!!!”. A minha mãe adora ser a madrasta nessas horas, faz questão de nos acordar gritando e abrindo as janelas. Então, começamos a levar as coisas pequenas no carro dela e preparando os móveis maiores para quando o caminhão chegasse depois do almoço.

A verdadeira mudança começou umas 3 da tarde, e junto com o caminhão vieram dois ajudantes e a dona da transportadora pra supervisionar. Aí sim foi pedreira. Carregar esses móveis pesados não é nada moleza e eu sei disso porque participei intensamente do carregamento até o caminhão. Resumindo: as coisas todas chegaram em casa umas 10:30 da noite. Todos nós estávamos estourados, eu estava parecido com um mendigo com a camisa suja e esticada, com as mãos pretas de sujeira o corpo todo suado, preguento e eu ainda estava descalço. Tomei um banho e fui lanchar, quando voltei para dormir um amigo meu me liga para tomar uma cervejinha, aceitei com a condição de que fosse uma cervejinha, pois eu só queria dormir, ele disse que já estava passando em casa e enquanto isso outros dois amigos me ligaram também perguntando se eu gostaria de tomar uma cerveja, e então eu os convidei a virem pra cá pois eu já tinha marcado com o outro. Tomamos umas doze cervejas e eu capotei de cansado.



Domingo, 1° dia:
“Cadê os pratos?” “E os talheres?” “Devem estar naquela última caixa ali, isso a maior... não? Então não sei.” “Gente, vocês viram meu carregador?” “Renato, meu filho, procure os mantimentos ali...”.
Foi novamente um sufoco para achar o essencial para cozinhar. Recebemos a visita da minha vó e do meu tio. Tivemos que fazer uma limpeza também. E quando realmente terminamos, umas 9 da noite, não havia tevê, computador, celular ou algo que nos distraísse. Fomos tentar dormir e finalmente uma chuva começou. Pronto. Era o clima ideal para eu dormir... aquela chuvazinha de domingo à noite. Ah, que coisa boa! Quando eu fecho meus olhos para tentar sonhar, escuto uns gritos: “Renaaaaaaaato!!” Era a minha irmã apavorada pois a sala em que estavam encaixotadas as coisas estava alagando muito rápido...

E láá se vaaaaai...
Au revoir.

1 comentários:

dayannecf | 13 de dezembro de 2009 às 08:49

Aaaaaah, continuaa! continuaa! \o/

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