Eu, eu e a Feira do Livro


No sábado passado eu me atrevi a visitar a Feira do Livro. Minha mãe não quis ir, mas mesmo assim eu não desanimei sem o cartão de crédito dela, eu estava realmente muito a fim de ir.

- Mãe, não tem como eu ir sem dinheiro...
- Vai só olhar e volta pra casa... E não demora, viu?!
- Não viaja, mãe. Eu vou ver milhões de livros e não vou poder comprar um sequer?
- Por que não?
- Porque não existe isso, mãe... é besteira, vai, coisa de uns oitenta reais dá!
- O quê? - disse ela com a boca de um leão rugindo e um susto de cair das cadeiras - Isso é que não existe, porque na minha época...
- Na sua época nem tinha Feira do Livro, mãe... Deixa de ser pão-dura.
- Égua, mas tu me escalpela..

E assim se deu a minha ida para a feira... Não com os oitenta que eu queria, mas com cinquenta.
Cheguei lá por volta de umas sete horas da noite, tinha bastante gente, muita gente passeando e batendo foto (?), aí eu me pergunto: essas pessoas não vieram olhar livros, pesquisar, comprar? Há tanto lugar melhor para passear e bater foto. São aqueles famosos nichos em que há umas três ou quatro garotas e um amigo gay. Eu me pergunto também: qual é a necessidade das garotas em terem um amigo gay? Tô sendo digressivo, mas tive que comentar!

Voltando ao assunto. Entrei numa das primeiras editoras e tudo muito caro, duplicaram os preços dos livros e triplicaram os livros que vão lhes renderem um bom dinheiro, exemplo: Augusto Cury, Zíbia Gasparetto, Paulo Coelho etc. São escritores de massa e que vendem muito, e isso acaba se tornando uma armadilha, pois as pessoas ainda compram esses livros de preços triplicados. Continuei a minha penosa tarefa em achar uma editora boa e barata, achei uma editora muito interessante que vendia livros, principalmente, de Psicologia e Filosofia. Fiquei muito tentado em comprar o livro "Sacher-Masoch - O Frio e o Cruel" em que o Deleuze faz uma análise filosófica sobre a obra de Sacher-Masoch que, segundo Deleuze e eu também assino em baixo, é duplamente injustiçado ao ser julgado, cientificamente, junto dos escritos de Marquês de Sade e tido como louco. Pra quem não sabe, os termos "Sadismo" e "Masoquismo" ou, mais profundamente, "Sadomasoquismo", é uma referência científica analisada diante da obra de Marquês de Sade e Sacher-Masoch, porém acontece que o termo foi empregado equivocadamente pois os dois diferem em gênero, número e grau. Não entrarei no mérito da questão porque eu estou na digressão novamente. Mas, seria uma boa leitura para compreender o universo deleuziano, comprarei, quem sabe, sábado que vem. Encontrei também nessa editora, vários obras do e sobre o Focault que é um filósofo que tem uma cabeça das mais pensantes, contemporaneamente falando. Tudo muito caro ainda, continuei caminhando, caminhando, caminhando... Encontrei o estande da Visão, que é a única livraria que presta no Shopping Belém.Tudo estava bagunça, os livros todos desorganizados, então eu decidi ir direto aos livros que eu queria enão procurar de um por um. Resumindo, lá eu comprei o livro "O Encontro Marcado" de Fernando Sabino, que é um romance prazeroso de ler e principalmente pra quem tem um estilo de vida igual ao meu: Boêmio. E até que o preço tava na média, o mesmo preço da internet e da própria loja no shopping: trinta e dois reais. Me sobraram vinte reais, pois ainda tinha umas moedas guardadas. Consultei o preço dos outros que me interessavam e que comprarei talvez no sábado, um absurdo! O livro "Ulysses" de James Joyce tá custando uma "bagatela" de oitenta reais! E o "Cem anos de Solidão" do Gabriel García Márquez tá custando quarenta e quatro reais.

Prossegui o meu garimpo, na verdade já estava contente com o que adquiri, porém se pintasse um livro bom de vinte reais eu compraria. Cansado e pronto para ir embora eu achei o estande do "Cultura Usada" que é um sebo de raridades que ficava ali na Pça. da República, porém parece que mudou de endereço. Nossa, fiquei fascinado com tanta preciosidade, livros de capa dura e que dificilmente terão uma nova edição. Tinha de Dostoiévski a Diderot. Mas, como, infelizmente, eu só tinha vinte reais... me renderam dois livros, pois o livro lá chega no máximo a vinte e cinco reais. Comprei "A Idade da Razão" de Jean-Paul Sartre e "O Primo Bazílio" de Eça de Queiróz, eu precisava dessa edição de capa dura do Eça, tava cansado dos livros de escola do Eça. Mas, no sábado novamente eu volto lá e se ainda tiver à venda eu compro "Voltaire e Diderot" da antiga coleção da Abril, "Os Pensadores", é um livro meio cabeçudo, mas de não tão difícil entendimento. Há explicações até para loucura, segundo uma conversa do Diderot com o D'alembert... Muito interessante!



Enfim, eram dez horas quando a feira acabou. Ao ir embora escutei um fuzuê lá fora, voltei e anunciaram a Paula Lima no palco que montaram. Eu morreria e não saberia que Paula Lima é a mulher que apresenta o programa Ídolos. Um som legal, um tipo de Samba Soul com Jazz, gostoso de se ouvir... Ouvi umas quatro músicas e voltei para minha casa para eu poder me deliciar com as minhas aquisições.

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