Quotidiano
É engraçado como muitas pessoas conseguem expor o seu dia a dia e perder completamente a privacidade como se simplesmente sua vida fosse uma porta entreaberta para qualquer estranho que queira adentrar. Não acho isso normal, tampouco estranho, é simplesmente engraçado. A meu ver, essa é uma fase da qual (quase) todos nós passamos, alguns conseguem perdurar bem mais.
Acredito que, pelo que analisei, não passa de uma forma de auto-afirmação perante a sociedade, uma forma de mostrar que realmente está vivo e que é mais do que um “Zé Ninguém”. Sentem-se bem a partir do momento que seu nome é mencionado em qualquer roda de amigos, seja da escola ou não, e que seus perfis na internet são visualizados diariamente por milhares de pessoas. É, talvez, a única forma de serem “prestigiados” nos nichos em que habitam.
Cultivar a minha privacidade é um dos meus lazeres preferidos. Podem até me chamar de “casulo”, mas não sou... Apenas tenho a certeza de que essa fase de auto-afirmação já passou há um bom tempo para mim.
O que venho documentar através de um papel e uma caneta [agora através desse teclado] é que de uns dias pra cá minha vida tomou um rumo inesperado, impensável a mim.
É simples: Larguei a faculdade e arrumei um emprego.
Simples para uma frase de umas dez palavras, não tão simples para mim. As inscrições dos vestibulinhos cessaram, logo, não poderei mudar de curso. Terei que voltar para o cursinho e tentar vestibular. Não quero voltar para o cursinho, mas minha mãe já disse que esse semestre eu não fico sem estudar. E o trabalho? Qualquer um ficaria feliz. Admito que no início até fiquei feliz, mas acontece que se eu for fazer cursinho não renderei nada nas aulas pois o “escravalho” (lê-se trabalho escravo) é realmente cansativo. Ou quem achar que tirar cartão de crédito para uma loja é fácil, ainda mais com uma meta diária de vinte e cinco cartões, sendo que nenhuma das pessoas que serão abordadas em frente ou fora da loja, não esteja com o nome no fã clube do Serviço de Proteção ao Crédito (aquele do Alexandre Pires), que atire a primeira pedra. Atire!
(PEI!)
Isso tudo e algumas coisas a mais, que ficarão para a minha privacidade, eu faço questão de documentar para que um dia, quando esse “turbilhão” passar, eu possa dar umas belas risadas. Já disse Chacal: “A vida é curta demais pra ser pequena.”
Abaixo segue o Pessoa com um de seus heterônimos que com certeza ele o criou para mim:
“Não sou nada
Nunca serei nada
Não posso querer ser nada
A parte isso tenho em mim todos os sonhos do mundo” (Álvaro de Campos – Tabacaria)
Enfim, como já disse uma vez, quando não tenho nada mais a deixar dito pelo dito, digo enfim. Enfim...
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