Gestos e palavras

Pequenos gestos e palavras marcam mais do que um monólogo inteiro ou um diálogo demorado.

4 anos atrás. Terça-Feira de um Dezembro. 21:30h. Estrada do 40 Horas. Casa do meu Pai.
Cansado de tanto esperar um ônibus resolvi me sentar no ponto do ônibus. Puxei o celular do bolso e vi que já estava tarde para estar ali. O movimento passou a ser escasso, poucos carros, poucas pessoas transitando e nenhum ônibus. Eu, estava estressado. Tive um dia de cão, daqueles quando nada dá certo. Meu pai havia me decepcionado mais uma vez e como sempre acontece, fiquei triste, ou melhor, fiquei puto!
As poucas pessoas que ainda transitavam, atravessavam a estreita estrada para juntar-se a nós. O ponto agora aglomerava umas 20 pessoas e fiquei mais tranquilo em relação a um assalto.
Os únicos ônibus que passavam estavam de farol desligado e sinalizavam nao vir nenhum outro atrás...
E depois de tanta espera, literalmente uma luz no fim do 'túnel'... era um ônibus. Nós que estavamos sentado nos levantamos, e os que estavam de pé se ariscaram. Me pus rapidamente na beira da rua para nao ficar de pé lá dentro, pois se via que o ônibus já pegara outros passageiros iguais a nós.
Assim que o ônibus parou, eu peguei a minha mochila e saí correndo para ser um dos primeiros. Saí escorando e empurrando as pessoas com a mochila, pedindo 'licença'. Chegando perto da porta, havia uma senhora de mais ou menos uns 65 anos e cabelos bem branquinhos, estava com um vestido cinza que tinha um estampado de umas flores que faziam o vestido parecer mais uma camisola do que um traje para se usar na rua, ela estava acompanhada de uma criança de uns 6 anos. Atropecei numa pedra e como já vinha correndo, esbarrei na senhora e tomei-lhe o lugar na frente porta do ônibus... Eu nem pedi desculpas e já fui botando o pé direito no degrau quando ela calmamente com a sua voz amaciada proferiu as seguintes palavras: "Calma minha filha, deixe o Cavalheiro passar..."
Assim que essas palavras fizeram o meu tímpano vibrar e passar pelo processo mecânico que o meu cérebro reconheceu facilmente. Houve uma sensação de arrependimento em todo o meu corpo. Olhei para a senhora e nao conseguir dizer nada, só fiz o sinal para ela passar.
Nesse dia, eu fui o último a subir no ônibus e fui a viagem toda em pé, mas nao liguei mais pra isso, eu já estava me sentindo um calhorda mesmo, que só pensa em si."


A viagem toda serviu para eu refletir no egoísmo que havia dentro de mim, às vezes nao paramos para fazer uma autoanálise. Eu estava estressado e cansado, e queria ir sentado, custe o que custasse. Em momento algum parei para pensar em como outros poderiam estar se sentindo e que havia pessoas que precisavam mais do que eu.
Enfim, pense no próximo.

1 comentários:

Dayanne Fontenele | 29 de dezembro de 2008 às 17:51

é.
tudo é aprendizado nessa vida.. agradeça essa senhora por ser tão inteligente ao querer te ensinar!

chero muchacho.

Postar um comentário

Comente, opine, concorde ou discorde.

About me

Minha foto
"Essas palavras que escrevo me protegem da completa loucura." (Charles Bukowski)