Cazuza - Um ponto de vista...ou dois.

Um certo dia desses que passaram nesse ano - meados de Abril eu creio - estava eu sentado na sala de aula, esperando a aula de Redação começar. A aula começou e a prof. que na aula passada tinha selecionado uns textos que alguns alunos acharam na Internet, resolveu mandar os tais alunos lerem seus textos na classe. O primeiro foi uma comparação até interessante sobre política - FHC versus LULA.
O segundo me chamou mais a atenção até porque o texto era sobre Cazuza e entao me animei e me ajeitei na carteira. O texto é escrito por uma Jornalista é o seguinte:

“Fui ver o filme Cazuza há alguns dias e me deparei com uma coisa estarrecedora. As pessoas estão cultivando ídolos errados. Como podemos cultivar um ídolo como Cazuza? Concordo que suas letras são muito tocantes, mas reverenciar um marginal como ele, é, no mínimo, inadmissível.
Marginal, sim, pois Cazuza foi uma pessoa que viveu à margem da sociedade,pelo menos uma sociedade que tentamos construir (ao menos eu) com conceitos de certo e errado. No filme, vi um rapaz mimado, filhinho de papai que nunca precisou trabalhar para conseguir nada, já tinha tudo nas mãos. A mãe vivia para satisfazer as suas vontades e loucuras. O pai preferiu se afastar das suas responsabilidades e deixou a vida correr solta.
São esses pais que devemos ter como exemplo?
Cazuza só começou a gravar pois o pai era diretor de uma grande gravadora. Existem vários talentos que não são revelados por falta de oportunidade ou por não terem algum conhecido importante.
Cazuza era um traficante, como sua mãe revela no livro, admitiu que ele trouxe drogas da Inglaterra, um verdadeiro criminoso. Concordo com o juiz Siro Darlan quando ele diz que a única diferença entre Cazuza e Fernandinho Beira-Mar é que um nasceu na zona sul e outro não.Fiquei horrorizada com o culto que fizeram a esse rapaz, principalmente por minha filha adolescente ter visto o filme. Precisei conversar muito para que ela não começasse a pensar que usar drogas, participar de bacanais, beber até cair e outras coisas fossem certas, já que foi isso que o filme mostrou.
Por que não são feitos filmes de pessoas realmente importantes que tenham algo de bom para essa juventude já tão transviada? Será que ser correto não dá Ibope, não rende bilheteria?
Devo lembrar aos pais que a morte de Cazuza foi consequência da educação errônea a que foi submetido. Será que Cazuza teria morrido do mesmo jeito se tivesse tido pais que dissesem NÃO quando necessário?
Lembrem-se, dizer NÃO é a prova mais difícil de amor. Não deixem seus filhos à revelia para que não precisem se arrepender mais tarde. A principal função dos pais é educar. Não se preocupem em ser amigo de seus filhos. Eduque-os e mais tarde eles verão que você foi a pessoa que mais os amou e foi, é, e sempre será, o seu melhor amigo, pois amigo não diz SIM sempre.”
por Karla Christinne Gurgel


Depois do texto ser lido, a professora perguntou se alguém tinha algum comentário a fazer, uns responderam que concordam sim com a posição da jornalista e o resto ficou calado, ou seja ninguém discordou e como quase nunca existe unanimidade, eu discordei e fiz um rascunho do meu pensamento em relação à isso. Aqui segue o rascunho:

"Eu discordo plenamente. Pois se eu idealizo um artista é pelo seu trabalho e não pelo jeito que levou a vida, sendo assim que diferença faria nesse mundo os pensamentos e trabalhos dos artistas que nao levaram a porra da sua vida "certa", que não viveram dentro dos padrões que a sociedade está adequada. Entao me pergunto: seria em vão trabalhos tão magistrais como o de Raul Seixas, Bob Marley, Kurt Cobain, Gilberto Gil, Elis Regina, Rey Charles dentre vários outros?
Cazuza nao teve uma vida boa ou correta a meu ponto de vista e nao recrimino qualquer crítica contra a sua política de vida, mas suas músicas são incontestáveis e nao devem ser postas à comparação com o seu intenso estilo de vida. Se fossemos fazer tais comparações e julgássemos os artistas nao teríamos muitas obras maravilhosas que de qualquer forma contribuíram para o país nao estar tão no fundo do poço.
Concluo então que a jornalista Karla Gurgel não foi feliz na sua posição em relação ao nosso poeta Cazuza, pois ela simplesmente nao soube diferenciar a vida pessoal da artística."

por ReinatoBarreto

2 comentários:

Day Fontenele | 18 de julho de 2008 às 20:02

Realmente, quando a gente lê o texto da jornalista somos ligeriamente influenciados pelo o que ela propõe. Mas, parabéns Renatinho, por perceber a importância da distinção entre o artístico e o pessoal. Se a gente esperasse tudo de uma pessoa só, era pedir demais! O cara já é fantástico naquilo que ele faz, ainda tem que ser um exemplo de pessoa? O que ele vende é a música, não a personalidade. Me emputeci tbm.. asuhasuhashas :p

Reinato B ! | 19 de julho de 2008 às 21:18

Dá raiva né? AUhUAhuAh
Entao nao tenho nada a acrescentar, só a repetir que a gnt realmente nao pode esperar tudo de uma pessoa só.
Valeu, day...
*:

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