Chico, chico, Francisco...

Se me permitem, vou fazer uma crítica ao livro budapeste. Chico Buarque teve a ousadia de escrever o primeiro romance de sua vida em 1991 (Estorvo), depois seguiu com Benjamim em 1995 mas foi no terceiro (Budapeste) que o romancista se consagrou - ressalto aqui que romance nao é para todos - e que com muito sucesso conseguiu atingir aquilo que todo romancista almeja, ele consegue persuadir o leitor dentre suas entrelinhas ao ponto de simplesmente o mesmo nao querer mais parar de ler, essa é a grande sacada da questão, porque se um escritor de romances nao consegue fazer com que o leitor seja atraído para dentro do livro, infelizmente ele nao teve sucesso.
Budapeste conta a história de um certo José Costa, que é um escritor de biografias para outras pessoas, ou seja, um ghost-writer que escreve biografias para que os outros publiquem. A trama toda confunde-se com o personagem narrador; José Costa e/ou Chico Buarque, embora nao seja citado muitos dizem que ele se autobiografa em um livro dentro de outro, bem é meio complicado mesmo mas só lendo que é possível sentir o desenvolvimento da trama.
O autor, faz com que aqueles leitores que sao apaixonados por outras culturas, conhecedores de novos horizontes, e eternos viajantes se apaixonem mais ainda por sua leitura que se expande pelas ruas da Hungria no desenrolar da historia...
Todavia, todos os leitores que gostaram desse livro ficaram triste quando acaba o livro, a saudade bate na mesma hora, é incrivel, e eu particulamente fico puto quando um livro assim acaba tao rápido, mas o que posso fazer é torcer para que os livros de romance - digo os de autores brasileiros - entrem numa ascensão eterna, pois o nosso idioma dá um gostinho a mais na literatura de modo geral.

"Minha produção era então copiosa, e já às vésperas de partir para a Turquia tinha me comprometido a pôr em livro as aventuras cariocas de um executivo alemão, que agora me aguardava na agência. Mas eu estava com preguiça, vim pela praia devagar, vim olhando as meninas de bicicleta, parei para tomar um coco, quase dormi em cima do balcão, e quando cheguei o alemão tinha acabado de ir embora. Fiquei um tempo plantado na recepção, sem saber o que fazer, e a voz aguda do Álvaro atravessava as paredes: mas a idéia de distribuir laranjas foi do governador... aí teria que numerar todos os cavalos... claro, ninguém pega herpes pelo telefone... o.k., cara, se você quiser, eu providencio uma tréplica... então vamos deixar para lá, tchau tchau... alô!... A recepcionista queria me anunciar ao Álvaro, mas não precisava, era muita a preguiça, era o fuso horário, era o jet lag, era vontade de ir para casa." (TRECHO DO LIVRO)





Enfim, boa noite.

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"Essas palavras que escrevo me protegem da completa loucura." (Charles Bukowski)