mas olha me

Foto: João Primo
Foto: João Primo

olha-me naquela tensão dos sentimentos inesperados, com o desconforto da dúvida, do medo do malpasso, mas olha-me. olha-me na instabilidade deste mundo, onde tudo é suspeito, onde tudo que é errado se justifica porque outros já fizeram igual; olha-me com desesperança, mas olha-me.

eu não te salvarei a pele das coisas deste mundo, não livrarei teu coração das dores e opressões e teu dorso das fadigas. meu poder é de no máximo abraçar-te, dar-te abrigo no peito, correr as mãos por teus cabelos, dizer algumas palavras nos teus ouvidos, tratar-te em segunda pessoa do singular.

mas olha-me. em meio a limites, hesitações, fraquezas, me veja humano, desconfiável como qualquer outro, com meu grande presente: eu te ofereço o meu mistério que se desfaz na tua paciência de me conhecer, na tua santa paciência de me descobrir igual a qualquer outro
só que um pouco diferente.
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por zero.

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"Essas palavras que escrevo me protegem da completa loucura." (Charles Bukowski)